segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A armadilha do consumo.


O consumo exagerado de certos produtos é uma marca cultural da sociedade contemporânea, onde prevalece a regra do “ter pra ser”. Essa cultura ganha força com a mídia que relaciona os produtos a sensações ou atributos de natureza abstrata como felicidade, poder, sensualidade etc. Esse consumo desmedido, associado à ideia de prazer a todo custo, pode se tornar uma disfunção patológica. Nesse caso, o tratamento indicado é o psicoterápico ou, dependendo da gravidade do problema, o psiquiátrico. Resumindo, somos escravos do consumismo… o que leva muitas pessoas a desesperarem e a endividarem-se em prol desta atividade prejudicial (quando não necessária)…
Nos dias de hoje, o consumismo tornou-se um hábito e inconscientemente as pessoas deixam-se levar pelo que está na moda, pela publicidade… e por vezes, consomem determinado produto, porque o amigo ou o vizinho comprou e até que parece interessante, mas quando a pessoa tem o produto em sua posse, chega à conclusão que nem é assim tão útil, e põe para o lado. 

O psiquiatra Sergio Zaidhaft, presidente da Comissão de Bioética do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da UFRJ, e Lúcia Novaes, professora da disciplina Terapia Comportamental do Instituto de Psicologia da UFRJ vão falar um pouco sobre esse tema.  
Sergio Zaidhaft
Presidente da Comissão de Bioética do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da UFRJ
“Atualmente temos um estímulo ao esse consumismo exagerado, isso faz com que as pessoas acreditem que somente irão encontrar prazer nas coisas materiais, preenchendo seu vazio sentimental.
A cultura sob a qual nós vivemos imprime valores e necessidades. A mídia influência a criação de necessidades desnecessárias. Aliada a isso, está a estratégia dos produtores de terem produtos com vida útil extremamente baixa, estimulando o consumo contínuo, pois o produto de melhor qualidade é sempre o que ainda está por vir.
Entretanto, o preenchimento de um vazio existencial através do consumo desmedido é temporário, pois a sensação de prazer que se tem no ato de consumir é efêmera. Esse vazio, portanto, nunca se completa e as pessoas ficam cada vez mais desesperadas por um algo que preencha completamente, o que nunca acontece.
Quando a busca pelo prazer através do consumo chega a um estágio crítico a pessoa passa a viver em função disso, em detrimento das outras questões de sua vida. Já é hora de pedir ajuda! Isso vale para qualquer tipo de consumo exagerado seja cigarro, comida, drogas ilícitas, internet, jogo, qualquer coisa que impeça a pessoa de manter uma relação de satisfação com os outros e com o mundo.”

 
Lúcia Novaes
Professora da disciplina Terapia Comportamental do Instituto de Psicologia da UFRJ
“O alto nível de stress associado com a mídia e seus atrativos e a influência cultural podem estar contribuindo para o aumento nos índices de certas patologias ligadas ao consumo.
Podemos delimitar três tipos de consumo. No que se refere ao comprar compulsivo, trata-se de um sintoma de um transtorno de controle do impulso que pode se manifestar em compras ou em outra área como jogo patológico, comer compulsivamente, por exemplo. Podemos considerar também o consumo de drogas, que está ligado aos transtornos de ansiedade, como fobia social e ansiedade generalizada, como associadas, além da depressão. E, o consumo alimentar,   pensando em transtornos alimentares como anorexia nervosa e bulimia. Também nesse sentido, pode-se pensar em doenças físicas como aquelas que têm relação com o consumo excessivo de certos alimentos, como sal, gorduras e açúcar. Nesse caso, podemos falar em hipertensão, problemas cardíacos e diabetes.  
Se uma pessoa, ao se informar, perceber que está sofrendo de uma dessas doenças, deve procurar profissionais especializados no tratamento daquela doença. Se alguém perceber que outra pessoa está sofrendo de uma dessas doenças, e se sentir a vontade pra isso, pode conversar com a pessoa sobre as informações que tem a respeito. Ou ainda, pode indicar alguma literatura para que a pessoa possa se esclarecer a respeito e decidir sobre o que gostaria de fazer.
O tratamento indicado nesses casos, como no caso de transtornos emocionais em geral, é a realização de psicoterapia e, em alguns casos, tratamento médico com psiquiatra ou outra especialidade. No caso de doenças físicas ligadas ao excesso de consumo, muitas vezes o tratamento deve ser multidisciplinar com psicoterapia e tratamento médico.”  



Thais M. Delmondes - n°45      2° EM








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