Todo mundo está cansado de saber que é preciso consumir menos. Mas é
fácil falar, difícil é fazer. Quem nunca se arrependeu por ter comprado
mais do que precisava? Aquelas três sandálias iguais que você levou só
porque estavam em promoção, aquele cinto excêntrico que você nunca teve
coragem de usar, e mesmo aquelas frutas que estão murchando na
geladeira.
Essas coisas acontecem com todo mundo, e são sintomas do consumismo.
Esse fenômeno que afeta a nossa geração está acabando com o planeta.
Infelizmente governos e empresas estimulam e atrelam seu crescimento ao
nível e ou à capacidade de consumo da população. Por mais de século essa
tem sido a mola propulsora do chamado desenvolvimento. Até quando vamos
acreditar nessa história da carochinha? Não acha que já está mais do
que na hora de aposentar esse modelo arcaico de desenvolvimento?
FIB – Felicidade Interna Bruta
Desenvolvimento no sentido amplo e real da palavra não se resume a
crescimento do nível de consumo. Felizmente, temos sinais de que as
coisas estão começando a mudar. Prova disso é o burburinho que o pequeno
reino do Butão gerou ao criar uma alternativa ao PIB (Produto Interno
Bruto, que nas últimas décadas tem sido o índice usado para se avaliar o
nível de desenvolvimento de um país). Os butaneses criaram o índice FIB
– Felicidade Interna Bruta, que chocou muita gente por causa da simples
questão: afinal, um Estado deve trabalhar por acúmulo de dinheiro ou
para o bem-estar das pessoas? Dinheiro, aliás, não deveria servir à
humanidade, para dar mais conforto e qualidade de vida? Por que foi que
ele passou de ferramenta a quase divindade?
Enfim, enquanto estamos nesse mundo em transição, importa-nos tomar o
cuidado de refrear nosso ímpeto de consumo, tão estimulado para se
criar uma demanda de necessidades que de fato não existem. Até aí todos
sabem, não é mesmo? Mas afinal, como acabar com o consumismo?

No interior tem um ditado que diz “não se cutuca onça com vara
curta”. Fazendo uma adaptação para o tema, aqui vai uma grande sugestão
“não gaste o seu tempo olhando lojas”. Explicando. Muita gente adora
gastar o tempo livre passeando pelas lojas. E raramente quando as
pessoas estão nesse tipo de situação, conseguem resistir e sair de um
shopping ou de uma loja sem uma ou duas sacolas. As vitrines são lindas,
recheadas de coisas feitas para serem atraentes. Mas isso não significa
que você precise delas. Nessas horas que compramos coisas por impulso e
pelo simples ato de comprar, na maioria das vezes levamos para casa
coisas sem necessidade e que rapidamente serão descartadas.
Quer passear? Que tal outro lugar onde não exista a pressão do “me
compra, me compra, me compra!” ? Uma praça, uma parque, um museu ou
mesmo um restaurante ou um cinema. O ideal é que as pessoas encontrem
formas mais agradáveis de passar o tempo. Se você insiste em passar o
tempo consumindo (depois de procurar um analista), que tal evitar
consumir produtos, e em vez disso consumir serviços?
Os serviços, em geral, tem um impacto menor sobre o meio ambiente se
comparado com o processo industrial tradicional de fabricação das
coisas. Nos serviços, um mesmo equipamento é capaz de atender a um
número maior de pessoas o que reduz o consumo, o volume de lixo e a
demanda por matéria prima. Um exemplo é o serviço de taxi. Se cada
usuário optar por usar o seu carro já sabemos dos problemas. Nesse
sentido, tem crescido o movimento de Consumo Colaborativo, sobre o qual
escreveremos em outro post. Apenas para dar uma pitada do que se trata,é
uma nova forma de economia que parece estar surgindo, baseada não no
ter individualmente, mas no ter e compartilhar coletivo. É o caso das
pessoas que alugam quartos para estudantes ou turistas, do Zipcar, que
na Europa funciona alugando carros por preços módicos para as pessoas
passearem, irem para o trabalho, etc, evitando que todos precisem de
possuir um veículo.
Dicas para fugir das armadilhas do consumo
Sim, temos boas oportunidades surgindo. E, para fazermos a nossa
parte, vamos dar algumas dicas para você reduzir o consumo e seguir a
nova máxima: conseguir mais com menos. Experimente e torne-se mais leve e
feliz.
- Pense 3 vezes antes de comprar: 1. Você precisa? 2. Você realmente gosta? 3. Serve para você neste momento?
- Prefira comprar coisas duráveis. Podem custar um pouco mais agora, mas não irão para o lixo tão cedo.
- No caso de roupas e decoração, procure comprar produtos neutros,
básicos e versáteis, de que você não vai enjoar logo. Para personalizar,
use objetos e acessórios diferentes e coloridos, que você trocar de vez
em quando. Isso faz seu guarda-roupa ou a decoração de sua casa
tornar-se muito mais eficiente com menos.
- Passeie menos no shopping, e mais nos parques e praças da cidade.
Assista menos televisão. Quanto mais você se expuser a propagandas, mais
vai ter a falsa impressão de que precisa de coisas novas. As vitrines
são feitas para serem bonitas. Isso não quer dizer que você vai ser mais
feio se não tiver aquele casaco da moda.
- Consuma mais serviços e menos produtos.
- Adote ações de consumo colaborativo, troca e reuso.
- Faz parte da natureza humana querer renovar, e isso se expressa na
vontade de ter roupas e objetos novos. Em vez de comprá-los, que tal dar
um upcycle nas suas coisas? O Coletivo Verde está cheio de boas idéias
para você dar novos usos a suas coisas.
Gustavo Cerqueira N° 20 2 EM