segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O apelo do consumo


O apelo do consumo

O brasileiro se acostumou a gastar mais dinheiro do que ganha

Conheço vários povos deste planeta, mas poucos tão consumistas como o brasileiro. Parece ser uma mania nacional sair por aí fazendo carnês e, depois, na hora de pagar, ver que o dinheiro não dá para honrar todos os compromissos. De onde viria o mau hábito de gastarmos mais do que ganhamos? Já pensei em várias hipóteses para explicar o fenômeno:

"A culpa é do próprio consumidor brasileiro, que agora compra desmedidamente, seduzido pelas facilidades da importação."

Somos mais suscetíveis que outros povos ao bombardeio da propaganda.
Não conseguimos nos desvencilhar dos maus comerciantes, que estão acostumados a trabalhar com as margens de lucro enormes do período da grande inflação.
Ainda não recuperamos a noção de valor das coisas, mesmo depois de três anos e meio de moeda estabilizada.
Sejam lá quais forem as causas, o fato é que há uma seqüência clara nas explosões da inadimplência nacional. Começa com uma pressão dos comerciantes, tentando vender seus produtos a prazo, com juros absurdamente elevados. O povo, iludido por falta de melhor educação financeira, é induzido a entrar nesse frenesi. Após a euforia inicial, os próprios comerciantes e seus órgãos de classe se queixam da inadimplência que ocorreu por culpa deles mesmos.
A agiotagem em nosso país infelizmente não é praticada apenas pelos maus comerciantes. Ela ocorre também em obscuros escritórios e, lamentavelmente, está sendo praticada pelas mais respeitáveis instituições financeiras, que contam com a fragilidade do nosso sistema de defesa do consumidor e com a ignorância do povo em relação ao cálculo de juros.
Penso que já deveríamos ter adquirido alguma noção dos novos tempos. Hoje a maior parte dos salários permanece estável, e muitos empregos foram irremediavelmente perdidos - sendo substituídos, às vezes, por ganhos bem menores de trabalhos temporários e autônomos.
O que podemos fazer? Independentemente de haver ou não alguma crise em curso (e sempre as haverá), precisamos definir quais são as nossas metas maiores, pelas quais vale a pena lutar. Depois, a questão é pesar cada gasto que fazemos em nosso dia-a-dia, tendo em vista a realização de nossos objetivos.
Por exemplo, suponha que você almeje fazer uma viagem de férias à Europa. Se é seu costume levar a família a um restaurante uma vez por semana, quando gasta 100 reais por refeição, só de passar a ir uma vez por quinzena você terá poupado 2 400 reais num ano. Faça isso por dois anos e praticamente terá as passagens garantidas. Há ainda muitos outros gastos que podem passar por um pente-fino.
O mesmo raciocínio vale para a compra de um carro, de uma casa, para a aposentadoria... É incrível o que podemos conseguir quando temos uma idéia na cabeça e a determinação de alcançá-la. Desse modo, controlando o uso de cartões de crédito, cheques especiais, cheques pré-datados, crédito pessoal e compras a prazo no comércio - que deveriam ter legislação e regras mais rígidas -, poderemos vir a criar hábitos sadios de poupança.


-Lucas Pacheco Nº 32

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