Somos mais suscetíveis que outros povos ao bombardeio da propaganda.
Não conseguimos nos desvencilhar dos maus comerciantes, que estão acostumados a trabalhar com as margens de lucro enormes do período da grande inflação.
Ainda não recuperamos a noção de valor das coisas, mesmo depois de três anos e meio de moeda estabilizada.
Sejam lá quais forem as causas, o fato é que há uma seqüência clara nas explosões da inadimplência nacional. Começa com uma pressão dos comerciantes, tentando vender seus produtos a prazo, com juros absurdamente elevados. O povo, iludido por falta de melhor educação financeira, é induzido a entrar nesse frenesi. Após a euforia inicial, os próprios comerciantes e seus órgãos de classe se queixam da inadimplência que ocorreu por culpa deles mesmos.
A agiotagem em nosso país infelizmente não é praticada apenas pelos maus comerciantes. Ela ocorre também em obscuros escritórios e, lamentavelmente, está sendo praticada pelas mais respeitáveis instituições financeiras, que contam com a fragilidade do nosso sistema de defesa do consumidor e com a ignorância do povo em relação ao cálculo de juros.
Penso que já deveríamos ter adquirido alguma noção dos novos tempos. Hoje a maior parte dos salários permanece estável, e muitos empregos foram irremediavelmente perdidos - sendo substituídos, às vezes, por ganhos bem menores de trabalhos temporários e autônomos.
O que podemos fazer? Independentemente de haver ou não alguma crise em curso (e sempre as haverá), precisamos definir quais são as nossas metas maiores, pelas quais vale a pena lutar. Depois, a questão é pesar cada gasto que fazemos em nosso dia-a-dia, tendo em vista a realização de nossos objetivos.
Por exemplo, suponha que você almeje fazer uma viagem de férias à Europa. Se é seu costume levar a família a um restaurante uma vez por semana, quando gasta 100 reais por refeição, só de passar a ir uma vez por quinzena você terá poupado 2 400 reais num ano. Faça isso por dois anos e praticamente terá as passagens garantidas. Há ainda muitos outros gastos que podem passar por um pente-fino.
O mesmo raciocínio vale para a compra de um carro, de uma casa, para a aposentadoria... É incrível o que podemos conseguir quando temos uma idéia na cabeça e a determinação de alcançá-la. Desse modo, controlando o uso de cartões de crédito, cheques especiais, cheques pré-datados, crédito pessoal e compras a prazo no comércio - que deveriam ter legislação e regras mais rígidas -, poderemos vir a criar hábitos sadios de poupança.
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